FERNANDO PESSOA: a face não revelada.
Fernando Pessoa, o antidemocrata pagão: é este o título de um dos livros publicados pela editora Nova Arrancada, obra esta realizada com o intuito de dissipar muito disparate que por aí se diz sobre este grande homem de Língua Portuguesa...
Façamos um apanhado do essencial.
Na perspectiva deste sebastianista racional e nacionalista místico, a democracia é incompatível com o Patriotismo, vejamos a genialidade:
Se o Patriotismo é a base do instinto social e se o instinto é, em si mesmo, contrário à inteligência (que procura compreender) e apenas odeia tudo o que não seja dele, a sua essência é o antagonismo.
Ora, se o instinto social, expresso na Opinião Pública, (que é, em suma, o ideal nacionalista) odeia o que lhe foge à natureza, o seu estado natural é o de ódio. Fica por conseguinte confirmada, (afirmo-o eu) a tese hobbesiana de Homo homini lupus - homem como lobo do homem, ilustrativa da maldade e egoísmo humanas, rejeitando-se essas ideias rosseaunianas da bondade inata do Homem.
Retomando o raciocínio: é pois, (e infelizmente) a guerra o estado natural do Homem e a primeira conclusão a tirar é que a democracia moderna, com o seu discurso ingenuamente pacifista, é radicalmente antipatriótica e antinacional - um regime infalível é aquele que conhece esta natureza humana e sabe lidar com ela.
Prosseguindo, (segunda conclusão) se o patriotismo é composto de hábitos sociais hereditários - TRADIÇÃO- que por definição é instintiva, contrária portanto à democracia, que procura compreender e tolerar.
Por ser, exactamente, instintiva, a Opinião Pública não se define. Agora, e que será um voto senão uma definição contra-natura? O voto é uma tentativa de definição de algo indefinível e, para além disso, tenta exprimir uma ideia. E, como já foi afirmado, se a Opinião Pública é instintiva não expressa ideias. (Terceira conclusão).
"O sufrágio apenas representa, quando muito, uma maioria política organizada que, perante a maioria real da sociedade, é uma minoria".
No regímen natural - a Monarquia Pura (antidemocrática) - não existe este princípio do sufrágio político que é anti-social.
Por último, o liberalismo (quarta conclusão): com a sua vontade de igualitarização social e egoísmo materialista individual, torna-se antipopular.
Recapitulando: a democracia é pacifista; intelectual e liberal o faz de si antipatriótica; anti-social e antipopular, uma vez que a Opinião Pública é, respectivamente, instintiva, antagónica e conservadora.
Por tudo isto, "toda a situação governante em Portugal desde a queda da Monarquia Pura [1820... 1834] é, substancialmente, uma fraude"!
"O constitucionalismo foi um fenómeno de desnacionalização"!
"A democracia moderna é a sistematização da anarquia"!
"O lema da Revolução Francesa: liberdade; igualdade; fraternidade, converteu-se em Santíssima Trindade para uso de quem não tem religião"!
"Temos de apelar para uma força que possua um carácter social, tradicional e que por isso não seja ocasional e desintegrante.
Há só uma força com esse carácter: a Força Armada"!
Imperia pretio quolibet constant bene: qualquer que tenha sido o preço que custou o poder, está bem.
16 Comments:
Esmagador, simplesmente genial.
Parabéns!
Saudações
Grande místico, o nosso Pessoa. Sempre espero concretizações
Com algumas divergências (leves), concordo com esta faceta política de Fernando Pessoa.
E, sendo assim ou não, duvido que neste momento existam democracias. Seriam uma aproximação parodiante das demokratias das antigas polis gregas.
As democracias como nas servem, actualmente, são sem sombra de dúvida, para rejeitar.
Instintiva ou racionalmente (vejamos os resultados financeiros, económicos e culturais em Portugal).
Não digo que não a outros tipos (aperfeiçoados) deste regime. Afinal, nem sequer se tentou anda a sua concretização...
Agradeço a todos.
Caro Queiróz: respeito a sua opinião, mas a democracia é um projecto falhado para Portugal. Da mesma forma que o é, o liberalismo.
Saudações.
Eis um novo espaço para enriquecer a blogoesfera nacionalista. Textos bastante oportunos. Parabéns!
cumprimentos.
Um tema com pano para mangas.
Uma coisa é certa a partidocracia todos rejeitam, a actual “democracia” também.
Agradeço ao anónimo; a Vítor Ramalho (nem mais!- para o que escreveu) (a quem passei a conhecer o blog que, desde já, está linkado) e a Pedro Ferreira os seus comentários.
Saudações nacionalistas a todos!
Caríssimo SA:
não há em mim uma gota de sangue que não o seja. E se, um dia, não o puder dizer, os espíritos integralistas portugueses, com os quais comungo, encarregar-se-ão disso...
Um abraço.
Saudações Nacionalistas
Através do mega-blog, fascismo em rede, tive acesso ao seu blog
Parabéns!
E continuação de um bom trabalho.
Cumprimentos
Caro Nacionalista 1143:
É uma amável referência já agradecida ao caro Camisa Negra...
Portas sempre abertas a todos os nacionalistas!
Saudações.
"Se o Patriotismo é a base do instinto social e se o instinto é, em si mesmo, contrário à inteligência"
Porque é que o Patriotismo é a base do instinto social?
Porque é Patriotismo contrário à inteligência?
Qual o valor de um Patriotismo contrário à inteligência?
Caro Menestrel:
Apesar de discordar dos seus pressupostos e conclusões,dou-lhe os parabéns pelo seu post.
Agradeço igualmente o seu comentário na Nova Via,e aproveito para comunicar que o post em que procuro responde aos critícos já está on line.
saudações Nacionalistas
Caro SA:
respondendo à sua pergunta, digo-lhe que concordo com a maioria dos pressupostos do MIL.
Um homem que se diga "integralista" não pode ter como base ideiais constitucionalistas.
Deixo o endereço do movimento, para quem não conhece:
http://partidoluso.no.sapo.pt/index2.htm
Saudações.
Caro Afonso:
as suas questões são sumamente pertinentes, mas terei de lhe responder com as palavras de Fernando Pessoa, pois caso contrário correria o risco de me apropriar de ideias alheias.
1)O Patriotismo é a base do instinto social porque sua essência flagrante é a língua materna e esta é adquirida, não por meio da inteligência humana, mas sim aprendida no meio social hereditário que, em bom português se designa "tradição" (aliás, o próprio Patriotismo compõem-se dos hábitos [instintivos]sociais hereditários). Ora, se a tradição nacional é, Patriotismo, não o há à margem do instinto.
2)A inteligência (entendida como um procurar para aceitação passiva) é incompatível com com Patriotismo porque, logicamente, se o instinto é antagónico, ou seja, apenas aceita ou rejeita,("Quem não é por mim, é contra mim") apresenta-se como sendo conservador.
Por sua vez, a inteligência é progressista. E como se sabe de senso comum, não se pode ser as duas coisas, concomitantemente.
3)E, pergunto eu: qual é o valor de um Patriotismo que, baseado na inteligência maleável, deixa de ser férreo, passando pelos pântanos da incoerência?
Alfredo Pimenta limitar-se-ia a afirmar: "as massas não pensam, sentem"! E são, indubitavelmente as massas que constituem a opinião pública, por conseguinte patriótica.
Salto para um terreno perigoso... Adolf Hitler diria apenas: "as massas são como animais que obedecem aos seus instintos". É brutal, mas serve o intento de explicação que agore se pretende.
Na esperança de lhe ter dissipado as dúvidas, despeço-me, recomendo-lhe vivamente o livro.
Caro Sardoal:
é um facto que apesar das divergências, acompanharei os seus escritos e comentarei quando achar necessário e pertinente.
Saudações nacionalistas!
Caro SA:
como prudentemente lhe fiz saber, "concordo com a maioria dos pressupostos do MIL", o que significa que rejeito alguns.
Por outro lado, não lhe posso responder no que concerne ao pensamento do movimento. Não fiz, nem faço parte dele e tão-pouco conheço os rostos dos líderes. O que conheço é esse espaço que, por sinal, não tem vindo a ser objecto de actualização.
Agora, terei o maior prazer em dissertar sobre o pensamento do saudoso António Sardinha!
Até breve.
Abraço.
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