domingo, 9 de maio de 2010

No meio está a virtude

Um comentário muito prosaico:
esta semana, fazia eu a minha viagem sentado na última fila num dos autocarros da carris, quando se sentam duas pessoas, uma de cada lado. Falavam as duas num tom demasiado agressivo e audível, o que me irritou. O da esquerda era um sujeito africano, de Angola, creio eu. A da direita era, infalivelmente, uma chinesa.

Enquanto olhava para o Tejo, ía a pensar: "realmente, depois de Soares nos ter destruído o Império e termos abandonado o nosso território secular d'Além-Mar, eis que a China toma conta de Angola." Isto porque, como sabemos, existe uma hierarquia em tudo: na Nação, na sociedade, na família, e claro nas relações internacionais - e o mais forte é aquele que domina.

No meio daqueles dois indivíduos pensei ainda: "isto só visto: um africano preto e uma chinoca amarela e nem se apercebem os dois que levam ambos, nos países respectivos com duas ditaduras leninistas no lombo. Um contra-revolucionário, católico e radical de direita vai no meio desta parelha."

Nada mais pude fazer senão rir-me da cena burlesca, mas o que é certo é que a política da imigração desregrada está aí: mais evidente que nunca.

1 Comments:

At 9/5/10 22:16, Anonymous Menina azul said...

Vou partilhar este episódio, igualmente passado diante do Tejo:
ia entrar no eléctrico e a chinesa empurrou-me com toda a violência. Olhei para trás e ela "com licença, quero passar" e eu, tudo bem, avancei mais para dentro do transporte. Passando algum tempo, uma senhora daquelas cuja a idade já pesa mas a língua nem por isso, mete-se com a chinesa e respectiva amiga. E vai de lhe apresentar os locais de interesse: Coches, Pasteis e Jerónimos e e... E elas só se riam e encolhiam os ombros, fingindo nada compreender.
A questão é: elas até podiam não perceber, mas a forma como ela me empurrou porque, por necessidade de sobrevivência, queria entrar... Deixou-me com algumas dúvidas.
E quem diz isto, diz tudo o que lhes afecte o bolso: facturas nem vê-las. Não percebem português.
Contactá-los por telefone e informá-los da condição de um novo produto bancário (e tudo bem que o "telemarketing" é encarado com algum cepticismo até pelos demais, ideia que apesar de tudo também partilho), porventura mais proveitoso, nem ouvem. Perguntam se lhes estão a tirar dinheiro. Responde-se que não, que tudo está bem e respondem imediatamente que não sabem português. Em suma. trocam as voltas e dizem nada perceber...
São apenas meia dúzia de exemplos, mas o que é certo é que a Baixa (e quem diz a Baixa, diz muitas outras zonas da cidade)está minada de lojas destes senhores, que arrasam com o comércio tradicional já em crise (sobretudo após a abertura das grandes superfícies comerciais)... E não entendem, nem percebem português. Será possível????

 

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