segunda-feira, 21 de abril de 2008

Antinomias Pessoanas [para as massas] - A Defesa e Justificação da Ditadura Militar em Portugal




Quando eu retomei a reflexão sobre a antidemocracia em Fernando Pessoa, num texto mais a sul, alguém houve que me lançou a deixa para que resumisse um pequeno opúsculo do poeta - O INTERREGNO. Muito bem, num estilo leve, para não aborrecer, e com intuito de deixar marcadas, nas mentes mais abertas e iluminadas, as ideias essenciais, abaixo escrevo.

O autor de Mensagem principia, desde logo, por fazer saber que, desde 1578, é o seu NÚCLEO DE ACÇÃO NACIONAL o primeiro a agitar os espíritos e a falar "nacionalmente ou superiormente a este País". E porquê? Porque perdemos o ideal nacional (e com o fim do Império em 1974, destruímos o último dos conceitos) e, como consequência desse vazio de ideias, emparceirámos com a França republicana e jacobina:
«se resultou com os avecs, também resultará connosco» pensou aquela burguesia radical dos Arriagas e dos Costas.
Mas Pessoa aponta-nos a diferença: para além de não haverem leis sociais universais - patranha dos positivistas (e dos marxistas românticos)- Portugal não tem vida institucional legítima e, assim sendo, a vida constitucional fica erguida sobre o nada. E do nada, nada pode vir.

OS PARTIDOS: essa excrescência democrática. O nosso autor afirma que os partidos não se baseiam na "opinião pública" - o alicerce de qualquer governo verdadeiramente justo - porém, antes a orientam e assim pervertem: não a servem, mas servem-se dela.

Daí que: "A DEMOCRACIA MODERNA É A SISTEMATIZAÇÃO DA ANARQUIA" da soma das vontades individuais para chegar à "opinião pública", algo absurdo, porque a "opinião pública" não advém da inteligência, mas sim do instinto, como já escrevi num dos textos anteriores.

A nível histórico, é-nos explicado que "o processo de desnacionalização começou com os Filipes, agravou-se com os Bragança [não me venham falar em restaurar esta Casa para o trono!!!] e explodiu no Constitucionalismo. A contra-reacção da República trouxe o estrangeirismo completo".

Ficam, somente, estas curtas notas. O pequeno opúsculo tem umas simples, mas intensas, 61 páginas. Leiam... Por Portugal.

Menestrel

7 Comments:

At 22/4/08 22:25, Anonymous Anónimo said...

Grande Pessoa e interessantes notas para gente distraida - como eu - mas não desinteressada.
Vale a pena conhecer o outro lado; mais uma das suas outras faces, olvidada porventura pelo protagonismo habitualmente confinado apenas aos seus heterónimos...

 
At 22/4/08 22:41, Anonymous Anónimo said...

"(...)Eles não têm nenhum sentido da transcendência que o mar representa para os portugueses. Não têm sentido do triângulo Atlântico - Português, não têm sequer a ideia de que o mar de que todos se orgulham é gigantesco e com DIREITOS PORTUGUESES. (...)" [6 de Dezembro de 2008]

Subscrevo.
Portugal sem mar não é Portugal. Aquele azul imenso que está subaproveitado, esquecido e ignorado... É um desperdicio. Verdadeiramente.
Esse sentido de transcendência é notório no caso dos emigrantes portugueses. Quando evocam a saudade - essa tão lusitana expressão - fazem-no quase sempre, embora não apenas, relativamente à costa portuguesa. Ao mar, à praia, ao sol... Isso é tipicamente português. Não há dúvidas...

 
At 22/4/08 22:43, Anonymous Anónimo said...

Errata: em vez de [6 de Dezembro de 2008] deverá ler-se [6 de Dezembro de 2007].

 
At 26/4/08 08:48, Blogger PintoRibeiro said...

http://suckandsmile.blogspot.com/2008/04/o-cinema-e-o-teatro-infantil-so.html
Bom fim de semana.

 
At 1/5/08 10:15, Blogger Menestrel said...

Agradeço os comentários.

 
At 9/10/08 22:40, Anonymous Anónimo said...

Menestrel, eu sou um mero jovem mas, sendo você Monarquico, não entendo como pode não-desejar a subido ao trono da "Casa de Bragança". Quem então? Você?

A sério que não compreendo e gostaria muito que me explicasse...

atenciosamente.

 
At 7/11/08 18:52, Anonymous Anónimo said...

Caro DS2,
sou Monárquico, como escreve, e dos autênticos - dos tradicionais. Já tive oportunidade de responder a essa mesma questão várias vezes aqui, em diversos textos. É uma questão de procurar.

Encontrará a explicação que pretende, baseada no facto de a Monarquia Portuguesa Orgânica se basear nas Leis Fundamentais do Reino que instituíam que a partir do momento em que uma dinastia terminasse, ou fosse deposta (como foi o caso do 5 de Outubro), dar-se-ia início a uma nova dinastia. É isto que defendo.

Ao seu dispor.

 

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