domingo, 27 de julho de 2008

Tribunal do Santo Ofício

O nosso estimado Demokrata reuniu num post, três excelentes vídeos com dois oradores sobre a Inquisição Portuguesa e o seu papel Histórico.
http://dmkrt.blogspot.com/2008/07/desmistificar-inquisio.html

Muitos são os que culpam o tribunal religioso pelo início da decadência portuguesa. Nisso, sou bastante cauteloso - de facto, quando D. João III pediu ao Papa que estabelecesse no Reino a Inquisição e, por arrasto, a Companhia de Jesus, iniciou-se um processo desnacionalização pela adopção de um pilar institucional estrangeiro. Todavia, na minha opinião, o que se passou com as Ordens Militares foi bastante pior, ou seja, quando o filho de D. Manuel se ocupou de perverter a matriz das Ordens Militares, que eram um pilar da construção histórica e espiritual do país, entornou-nos o caldo.
Efectivamente, se formos a ver, D. Sebastião foi o Rei que se lhe seguiu. Está tudo dito.


Menestrel



2 Comments:

At 31/7/08 18:24, Blogger VERITATIS said...

Caro Menestrel,

Antes de mais, gostava de o felicitar pelo seu regresso a estas lides e agradecer também a referência que fez, devolvendo-lhe a estima.

Sobre a Inquisição propriamente dita, e como Católico e Português falo, não a vejo como uma total intrusa. É certo que o Rei ao permitir que esta se estabelecesse em Portugal estava a abdicar de uma parte do exercício do poder judicial a favor da Igreja. Porém, também é certo que Portugal é uma Nação fundada sobre a égide de Cristo e que o Rei de Portugal devia obediência ao Papa. Além disso, convém também lembrar que o Tribunal do Santo Oficio fazia apenas julgamentos de fé (como p.ex. heresias, etc.) não estando assim em causa as leis do Reino. Ou seja, vejo a Inquisição apenas como uma forma que a Igreja tinha de cuidar do seu rebanho.
Em relação às Ordens militares, julgo que estamos de acordo. Estas eram sem dúvida um pilar da Portugalidade e que de forma alguma podiam ter sido afastadas da sua matriz original. Mas também, verdade seja dita, que o problema não foi só nas Ordens militares. Quando, com os Descobrimentos, a Burguesia começou a emergir, ultrapassando as suas medidas e anulando tanto a Nobreza como o Clero ou o Povo, «entornou-nos o caldo»: a pirâmide hierárquica começou a ser corrompida e a Ordem natural a ser posta em causa. E daí ao processo revolucionário (que bem conhecemos!) foi apenas uma questão de tempo.

Um abraço.

 
At 1/8/08 18:44, Anonymous Anónimo said...

Estimado Demokrata,
agradeço a prezada amizade ideológica.

De facto, ocupei-me a escrever "nisso, sou bastante cauteloso" exactamente por todos os pontos que sagazmente focou. E de todos os que eu tinha em mente, não falhou nenhum: a abdicação do poder judicial do Estado em favor da Santa Igreja, Nação Portuguesa sempre tida (e definitivamente consagrada a partir do século XVIII) como Fidelíssima, Santa Inquisição como garante da ordem católica (sabe Deus se não teríamos tido também um lunático a querer fazer uma Igreja Lusitana, do género Henrique VIII).

Todavia, não posso concordar consigo, meu estimado camarada de ideiais, quando afirma que o Tribunal do Santo Ofício apenas fazia julgamentos de fé. E não era assim porque a Santa Inquisição era extremamente politizada, ligada ao Rei que a controlava (desde logo na nomeação do Inquisidor-mor do Reino) e interligada por imensos canais ao próprio Estado. Daí, teoricamente se vislumbra que não eram apenas questões de Fé. Na prática, é só analisar algumas das mais famosas condenações (que, aqui entre nós, são uma meia dúzia e até deviam ter sido mais).

Por outro lado e em suma, apenas falei numa perspectiva que induz à noção da Inquisição como causa do início da decadência, perspectiva essa da qual não sou acérrimo defensor: foi apenas um pequeno contributo no processo e os ganhos que a Santa Inquisição trouxe foram maiores que os prejuízos.

Bela nota essa, à estúpida burguesia! Aplaudo de pé.

retribuo o abraço.

 

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