quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Não há 25 de Abril para ninguém

Andei, pois, estes últimos dias a ler, galvanizado, uma estupenda obra que dá pelo nome de ALVORADA DESFEITA.
É certo que já possuía o livro desde que fora lançado, mas só agora pude devorar esta obra prima da literatura histórica alternativa.

Ficam algumas passagens para aguçar o apetite:

" Acompanhado de Ramos e de dois oficiais de lanceiros Ricardo Valera saiu rapidamente do Ministério e confrontou-se com o cenário aterrador de um Terreiro do Paço pós-apocalíptico e exalando um imenso odor a ferro queimado.
Uma mistura de sangue e gasolina empapava o asfalto e os passeios destroçados, fluindo em regos para o rio Tejo, «parece um rio de sangue», pensou cerrando os dentes.
A três metros da entrada, contorcendo-se numa poça vermelha de sangue, um recruta rebelde com apenas uns dezoito anos uivava aflitivamente, pedindo ajuda, agarrado ao coto da perna decepada.


(...)


"- Foste o homem do momento, meu cabrão!
- Limpámos-lhe o sarampo! - respondeu o coronel de sorriso aberto e a barba encaracolada fulgindo ao sol, com um indisfarçável orgulho.

(...)

" - Meu Deus, olha para esta mioleira no chão...! - Exclamou o Ministro contemplando restos de massa encefálica perto de um cadáver que jazia a três metros, dentro das arcadas. Valera não resistiu e vomitou.
- Prefiro miolos de carneiro e com coentrada! - riu desapiedadamente Sérgio de Melo.

(...)

" Miranda aproximou-se e apontou para um corpo caído a uns vinte metros.
- Está ali o Maia...!"

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A pergunta a que o livro responde é, só e apenas, simplesmente esta:
E SE NÃO TIVESSE HAVIDO 25 DE ABRIL?


Menestrel