No meio está a virtude
Um comentário muito prosaico:
esta semana, fazia eu a minha viagem sentado na última fila num dos autocarros da carris, quando se sentam duas pessoas, uma de cada lado. Falavam as duas num tom demasiado agressivo e audível, o que me irritou. O da esquerda era um sujeito africano, de Angola, creio eu. A da direita era, infalivelmente, uma chinesa.
Enquanto olhava para o Tejo, ía a pensar: "realmente, depois de Soares nos ter destruído o Império e termos abandonado o nosso território secular d'Além-Mar, eis que a China toma conta de Angola." Isto porque, como sabemos, existe uma hierarquia em tudo: na Nação, na sociedade, na família, e claro nas relações internacionais - e o mais forte é aquele que domina.
No meio daqueles dois indivíduos pensei ainda: "isto só visto: um africano preto e uma chinoca amarela e nem se apercebem os dois que levam ambos, nos países respectivos com duas ditaduras leninistas no lombo. Um contra-revolucionário, católico e radical de direita vai no meio desta parelha."
Nada mais pude fazer senão rir-me da cena burlesca, mas o que é certo é que a política da imigração desregrada está aí: mais evidente que nunca.