As doutrinas individualistas assentam em bases falsas, pois os homens nem nascem nem podem continuar na vida, em plena liberdade e igualdade.
A hereditariedade prende-os, logo à nascença, às qualidades ou aos defeitos dos seus progenitores, e a sociedade amarra-os aos seus semelhantes e distingue-os uns dos outros, pela diversidade de caracteres e de aptidões: - do imbecil ao génio vai um abismo.
Além de falsas, estas doutrinas tiveram consequências desastrosas, sobretudo no campo económico, pois que, pregando a liberdade de trabalho, de comércio e de indústria, vieram colocar o trabalho na vil condição de mercadoria, sujeito à "lei da oferta e da procura", e defendendo a "livre concorrência" (laisser faire, laisser passer) permitiram o aniquilamento dos mais fracos pelos mais fortes, quando eram aqueles, precisamente, os que mais protecção deviam merecer da sociedade.
As doutrinas socialistas, por sua vez, fazendo do Estado o único proprietário e único patrão, restringem inteiramente o papel do indivíduo.
Num regímen socialista integral, o homem não é mais do que uma engrenagem da grande máquina que é o Estado, ou uma "correia anexa à máquina". O Estado Socialista absorve totalmente o indivíduo e provê a todas as necessidades colectivas.
A liberdade e a iniciativa individual são aniquiladas e os indivíduos totalmente submetidos à omnipotência do Estado.
Ora, como a justiça social e a felicidade humana não podiam existir nas doutrinas liberais que deificavam o Indivíduo nem nas doutrinas socialistas que divinizavam o Estado esmagando os indivíduos, surgem as doutrinas intervencionistas com o objectivo de remediar exageros e os inconvenientes das duas doutrinas expostas.
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in AFONSO, Martins;
Princípios Fundamentais de Organização Política e Administrativa da Nação; compêndio para o 3º ciclo dos Liceus (vejam bem! LICEU!) pag 22.
Menestrel